sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MARROCOS مراكش

Começo esse post fazendo duas perguntas...
Quem já sonhou sobre conhecer um país totalmente diferente do seu, cheio de cultura, mistérios e tradições? E quem viajou até esse país e quando chegou lá viu que não estava preparado para toda essa diferença de costumes?
Assim que começo a contar pra vocês sobre o Marrocos.

Decidimos conhecer o Marrocos no meio do ano de 2011. Foram planos para o nosso aniversário de casamento (3 anos). Compramos o pacote e comecei as pesquisas sobre este país tão misterioso e ao mesmo tempo tão mágico e colorido.
Foram muitos meses de pesquisa, mas só descobri que essas pesquisas não foram suficientes quando cheguei em Marraquexe.
Marraquexe é conhecida como a “cidade vermelha”, para mim está mais para terracota, pois todos os prédios, casas e todos os lados que você olha é terracota. Mas também acrescento outros duas sugestões de nomes “cidade das antenas”, nunca vi tanta antena em um lugar só, até nos lugares mais inesperados tem uma, ou, “cidade dos chafarizes”, pois para todas as obras de comemoração ou monumentos, faz-se necessário um chafariz (rsrs)... Então preparem-se para encontrar vários pela cidade. E pelo que dizem, todos estes acabam virando piscinas públicas durante o verão. Posso até imaginar!
O nome Marraquexe vem de um dos idiomas usado pela população, o berbére, mur (n) akush, que significa “Terra de Deus”. É a terceira maior cidade do país, seguida por Casablanca e a atual capital do país, Rabat. Fica aos pés da cordilheira dos Atlas (montanhas as quais podem ser vistas de todos os cantos da cidade, e agora no inverno seus picos estão cobertos de neve). O inverno marroquino é o desejado por todos os britânicos, pois as temperaturas se revezam entre 24°C à 30°C. Já o verão, não dá pra se dizer a mesma coisa, as temperaturas atingem durante o dia 35°C à 40°C.
A cidade hoje se divide em duas partes: A antiga (Medina) e a moderna (Gueliz, em francês conhecido como Ville Nouvelle). A medina (dentro das muralhas da cidade) é um labirinto sem fim. Pode-se perder facilmente em suas ruelas estreitas, cheias de comércios e lojas tradicionais, além de ter de concorrer o espaço com burros, lambretas, bicicletas, pessoas e muitos tipos de animais (principalmente gatos... Nunca vi tanto gato por m2!!!). Já a parte moderna (fora das muralhas) dá um ligeiro contraste (porém muito ligeiro, pois em relação ao trânsito, pessoas pedindo dinheiro e cheiro de xixi, é a mesma coisa!). Gueliz está repleta de restaurantes modernos, grandes redes de fast food (encontra-se um Mcdonalds numa das principais praças de Gueliz, Praça 16 de Novembro), lojas e muitos escritórios de turismo.
A moeda no Marrocos é o Dirham. 10 dirham equivalem a +/- 1 euro.
Sobre o idioma – no Marrocos o idioma oficial é o árabe, berbere, francês e espanhol. E tem certos lugares que foram colonizados pelos portugueses, então pode ser (se tiver sorte) que você encontre alguém que fale português.

Chegada ao Marrocos
Depois de um vôo de 3hs, começamos a sobrevoar Marraquexe, uma imagem linda, um céu azul maravilhoso, dia ensolarado, e uma vista que mesclava um pouco de verde e uma imensidão marrom.
Chegamos ao aeroporto, e já presenciamos a simpatia marroquina na imigração#NOT. Tudo bem, não seria um cara mal humorado que tiraria o nosso bom humor e a vontade imensa de conhecer toda aquilo lá fora. Entramos! E viva a África.
Tem duas maneiras de você chegar ao seu destino do aeroporto. Primeira é através do táxi, (Sairá mais ou menos 50 Dihram por pessoa, e às vezes eles cobram pelas malas). Porém não se esqueça de antes de entrar no táxi, negociar o valor da corrida (isso é fundamental!!, senão você terá uma BIG surpresa no final), ou então através do ônibus, 30 Dirham por pessoa. Bem na frente do aeroporto terá o ônibus n°19, geralmente um ônibus novo, preparado para bagagens e que passa por todos os pontos principais da cidade. Foi esse que pegamos, e ficamos 5 minutos de caminhada do nosso hotel.
Chegamos ao hotel (Le caspien Hotel), fomos muito bem recepcionados. Na chegada o carregador já tomou conta de nossas malas e fomos servidos com um delicioso chá de ervas e bolachinhas doces enquanto esperávamos pelo quarto. A vista do nosso quarto era pra rua em frente ao hotel, e de lá podíamos ver as montanhas do Alto Atlas, a movimentação da principal Avenida de Gueliz (Av. Mohamed V) e os diversos telhados terracota com inúmeras antenas.
Ansiosos para sair para o primeiro reconhecimento, saímos com mapa na bolsa, (é claro! Pois não podíamos dar bandeira de que éramos turistas) e fomos em direção a praça Jemaa El Fna, o centro de vida e cultura da cidade. Porém nossos primeiros passos pelas ruas da cidade podem ser descrito em uma palavra: CHOQUE! Ficamos chocados com tamanha anarquia do trânsito da cidade, tanto as ruas como as calçadas eram disputadas por lambretas, bicicletas, carros, carroças, pessoas e animais (muitas vezes na contra mão). Bom, Ok! Tínhamos “idéia” de que seria assim, mas quando você cai no meio de tudo isso é totalmente diferente.
Continuando, era um passo e pessoas em nossa volta perguntando em que idioma poderiam conversar conosco, para vender, mendigar ou nos dar informações por alguns dirhans. Tudo lá gira em torno do dinheiro, melhor dizendo, do dinheiro fora da sua carteira. O povo está tão corrompido pelo turismo, que todos de alguma forma, andam a procura de gorjeta.
Tivemos alguns obstáculos em relação ao idioma, pois como não falamos quase nada de francês, muito menos em árabe, quando respondíamos em inglês era pior, pois então eles confirmavam que éramos turistas, então assim continuavam em nossa volta. Com tudo isso, não poderia ser diferente, nos perdemos! Ao invés de chegarmos à praça, acabamos num dos cemitérios da cidade, assim que passa pela residência real. Então aí vai algumas dicas:
- Aprenda pelo menos o básico de francês, para você pedir informação e entender quando elas são dadas; outra,
- quando não se está certo para onde está indo e se sente inseguro de perguntar a um nativo, a melhor opção é perguntar a outro turista. Com certeza ele vai te ajudar!
E foi assim que nos viramos por lá.
Depois dessa longa caminhada, tivemos muitas descobertas pelo caminho, uma delas uma das residências do rei Mohamed VI, com uma muralha de quase 6 metros de altura, que divide o luxo da miserável vida daquele povo. Com seus guardas na porta, você está terminantemente proibido de tirar fotos (mesmo não dando pra ver nada). Outra descoberta, a Mesquita La Koutoubia  (جامع الكتبية). Seu nome em árabe é al-Koutoubiyyin, que significa bibliotecário, e ganhou esse nome por que antigamente a mesquita ficava rodeada de vendedores de manuscritos. A mesquita não é aberta a visitação, então só nos resta admirar a sua bela torre de 69 metros de comprimento e 12,8 metros de largura, adornada com quatro globos de cobre, tornando- a um dos edifícios mais altos da cidade e um dos principais cartões postais da cidade. E é dessa torre que saí o som da reza do alcorão, 4x/dia, e que pode ser escutado por toda a cidade. Por fim não esquecendo dos jardins que a envolvem, com vários banquinhos para um bom momento de reflexão.
Depois do grande choque e mergulhar naquele “mar de confusão”, tomamos um delicioso sorvete na Dino Gelato (fica na Av. Mohamed V, tem diversos sabores e artísiticas taças de sorvete... Recomendo!),  voltamos para nosso hotel e curtimos um jantar ao som de um piano pra lá de relaxante. Prontos para o próximo dia!
O segundo dia foi dedicado a procura da empresa de turismo que eu já havia pesquisado na internet e pego algumas indicações, chegar até a praça Jemaa El Fnaa e o resto que acontecesse era lucro, já que percebemos que não iríamos conseguir seguir o mapa.
Aí vem algumas dicas:
- Os passeios turísticos por cidades vizinhas incluindo o deserto, são oferecidos por vendedores ambulantes, por toda a cidade. Por isso digo que se esse é um destino que está em seus planos, pesquise muito bem antes de contratar;
- Faça algumas exigências: caso a língua francesa não seja de seu conhecimento, peça um guia ou motorista que fale inglês, para que fique claro pra onde se está indo e também para que se possa aprender algo sobre os lugares que serão visitados;
- Sobre o pagamento: se for possível, faça metade na ida e metade na volta. Para que isso garanta sua satisfação como cliente. Ah, não se esqueça de negociar e muito o preço final! Se negociar não for o seu forte, então é melhor já ir treinando;
-Peça um roteiro do passeio, indicando as paradas e seu destino final, e que neste esteja incluso as suas atividades;
- Para finalizar, faça esses passeios em grupo (se possível). Isso passa mais segurança, consegue-se desfrutar melhor das paisagens e histórias, além de ficar mais barato.

Estou avisando sobre isso, pois não fizemos a metade do que estou sugerindo...rsrsrs. Por isso nosso passeio tão sonhado de conhecer o deserto, foi um tanto quanto tenso!
Bem, encontramos nossa agência de turismo Ideal Tours, negociamos e pagamos nosso passeio rumo ao deserto. Queríamos um passeio em grupo para que aproveitássemos sem preocupações, mas fomos muito bem enrolados pela lábia marroquina e acabamos comprando um passeio em casal. L
Saímos felizes e realizados pelo negócio e fomos aproveitar um pouco mais do nosso dia.
Achamos a praça Jemaa El Fna, e quando adentramos ao mundo colorido e agitado desse centro cultural, sem perceber e num piscar de olhos, meu estimado marido estava com uma cobra no pescoço, e pronto para receber um abraço de uma NAJA. LOUCURA!!!!
A praça Jemaa El Fna, é conhecida pelos seus espetáculos como acrobatas, músicos, dançarinos, encantadores de cobras, contadores de história e etc. Há séculos atrás foi o palco para execução de muitos criminosos. Ao cair da noite é o lugar mais badalado da cidade, com a abertura de muito restaurantes e muitas apresentações artísticas. É onde você encontra a agitação, os sons, cheiros e sabores do Marrocos, e é assim há cerca de 1000 anos.
Não tivemos a sorte de encontrar um dos contadores de história, que hoje estão em extinção e sem cobrar, mais ainda. Mas nosso mais novo amigo Maurício (os brasileiros estão em todas as partes do mundo, rsrsrs), teve sorte e encontrou com um destes homens, e ouviu ele por mais de 3horas, contando sobre todas as culturas, crenças e religiosidade (detalhe, em inglês) deste povo cheio de mistérios, segredos e de muita riqueza no meio de tanta pobreza.
Depois de nossa experiência com as cobras, fizemos um passeio rápido pelos souks da medina, pelos diversos comércios, e vendo que não somos muito bom em negociação e que nos perder de novo seria uma tarefa muito fácil, resolvemos pegar um ônibus de turismo e fomos conhecer Marraquexe com um pouquinho mais de tranquilidade e ouvindo um áudio-guia em português (14,50 euros/pessoa).  
Com duas rotas (o tour histórico e o tour oásis), pudemos conhecer os principais pontos turísticos da cidade como: Teatro Royal, Palácio do congresso, Jardim de La Menara, Place de la liberte, La Koutoubia, Palais La Bahia, La Mamounia, Les Jardins Majorelle, e Palmeraie 1 e2.
Sim, foi muito bom, mais tranquilo e divertido, pois encontramos mais 5 brasileiros no ônibus. Os que mais conversamos foi Mauricio e Pedro, dois rapazes estudantes do ITA pra lá de simpáticos que estavam fazendo um mochilão pela Europa, e além disso começaram muito bem essa aventura vindo até o continente europeu com o Hércules (avião da força aérea brasileira)... Nada mal hein!
A expectativa da nossa segunda noite girava em torno do nosso passeio do dia seguinte  rumo à Ait Ben Haddou, Ouarzazate, Agdz e por fim uma noite no deserto de Zagora, com direito a viagem de camelo e estadia nas típicas tendas do deserto. Aguenta coração!!!
E é aqui que termino esse primeiro e imenso post sobre o Marrocos, muitas dicas ainda vem por aí... Não percam o próximo post
Até

Mesquita La Koutoubia


Entrada para os souks







Tudo bem estacionadinho...rsrsrs






Jardins de La Menara



Praça Jemaa El Fna

Torre da mesquita

La Moumia, um dos hotéis mais chiques da cidade e ponto turistico 
Dentro dos souks
Como eu disse, eles estão por todos os lados.

13 comentários:

  1. Show! Marrocos eh bom demais! ta ai um lugar pra voltar!
    Gostei muito de conhecer voces, tudo de bom no seu caminho, doutorados, especializacoes, filhos...!
    abracao!
    Mauricio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Mauricio, foi um prazer imenso conhecer vcs e dividir algumas horas de nossa estadia no Marrocos, pena q foram poucas horas, pois foi bastante divertido... Esperamos algum dia encontra-los novamente! Um grande abraço e aproveitem ao máximo o passeio d vcs.

      Excluir
  2. Filha até em Marrocos tu andas!Meu Deus!Quando iria imaginar isso.Alí impéra a confusão organizada.Vcs.se saíram bem nesta maratona.Gostei de tua desenvoltura nestas horas.Creio que depois deste lugar,os outros serão fáceis de enfrentar.Quanta diversidade.Breve teremos mais informações ao vivo.Saudades.Papis

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pai, fomos pra lá de Marraquexe...rsrs
      Posso dizer q foi um aprendizado e tanto. Diferente de td q já tinhamos visto, mas valeu demais. Logo,logo contarea nossas historias de "pescador" no deserto, pessoalmente. Bjos e saudades

      Excluir
  3. Filhos,ficamos felizes pelo privilégio,e em especial viajarem por diferentes lugares e participar de uma variedades tão grande de culturas! Isso dá ampla visão e profundo conhecimento.Imaginamos vocês,quando chegaram em MARROCOS!!! Expectativas,alegria misturada,com muita anciedade e as incontáveis indagações,e esperar pela proxima surpresa que viria depois da cobra naja.E com certeza Deus tem incontáveis,bençãos,e outras experiências,e todas as áreas.Grande beijo e muita saudades..Mamis

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim mãe, muitas expectativas, muitas ansiedades, mas tudo se transfomou em aprendizado!!! Contar td isso pessoalmte esta sendo a nossa mais nova expectativa... bjo grande saudades

      Excluir
  4. Que máximooo!!! Este foi um dos posts preferidos!!! hehe Até pq tenho mta curiosidade em conhecer esta cultura.. mto bom poder "viajar" com vcs através deste post :)) Pelo visto se saíram super bem apesar da língua ser diferente!
    Beijo grande
    Bruna e Eduardo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Show Bru, q bom q vcs gostaram... E com certeza é d grande valia conhecer um pouco mais sobre essa cultura! Quem voltamos lá todos juntos e desfrutamos um pouco mais d td isso!!! Bj grande

      Excluir
  5. Obrigada a todos!!! É um prazer imenso poder contar um pouquinho de tudo que estamos vivenciando por aqui, e saber que vcs estão gostando nos deixa "pra lá de Marraquexe" (rsrsrs) de tão feliz... Bjo grande

    ResponderExcluir
  6. Puxa, meus queridos,que experiência cultural incrível! Grande beijo...

    ResponderExcluir
  7. Tia Solange vamos voltar com uma bagagem cheia de experiencias incriveis... bjo grande

    ResponderExcluir
  8. Com certeza, é para voltar!
    Foi um prazer conhecê-los, espero que tudo esteja caminhando bem por Bristol. Curti o Blog, vai ajudar muito para decidir os próximos destinos aqui na Europa!
    Vou direto pra postagem sobre o deserto e depois Dublin...
    Abração!
    Pedro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Pedro,
      Fico muito feliz por ter encontrado vocês e por você ter gostado do blog!!! Espero ajudá-lo nos próximos destinos e se tiver alguma dúvida é só perguntar, será um prazer ajudar!!!
      Um grande abraço

      Excluir